segunda-feira, 10 de novembro de 2008

De sorriso no rosto

Ele ria sádico ao ver o pobre homem se contorcendo naquele beco imundo, no meio de barracos caindo aos pedaços. Com a cara na lama, o coitado ainda tinha que suportar mais alguns chutes no estômago antes do seu fim. Era típico torturar aqueles que se achavam “espertinhos” a ponto de querer ganhar “algum a mais em cima do meu legado”. Este pensou poder lucrar vendendo as drogas por um preço maior sem declarar ao patrão. Ignorante. Agora vai ter que aprender a lição. Choraminga como uma criança, implora pela família que tem que criar. Todo sujo, ensangüentado. O prazer dele é ver nos olhos de suas vítimas, intensamente torturadas, aquele brilho de esperança. Ilusão.

Imagem e semelhança. O padre prepara mais uma missa. A roupa na cor que a lei de Deus designa. Vinho, pão, sangue e corpo de Cristo. A igreja logo está lotada. “Dá gosto de ver”. É através dos santos sermões que ele vê crianças, mães, malandros e adultos criarem esperança sobre suas situações. “Ele a tudo perdoará”. No fim de tudo, o pare vê as pessoas caminharem para a porta que as levará de volta para a realidade. Ele sorri. Sádico.

Sábado, dia de colocar os pés no asfalto, bater uma pelada e aprontar algumas molecagens. Quando a patota se reúne, pode ter certeza, lá vem problema. A vítima da vez é o gato malhado da Dona Gina. Um deles corre pra dentro de casa em busca das bombinhas que mantêm escondido da mãe. Enquanto isso, alguém faz carinho no alvo. Uma linha de pipa, os fósforos da avó fumante, e execução está quase pronta. O mais encapetado da turma pega o gato, amarra a bomba no rabo do animal e triunfante acende o fogo. Triunfante porque teve até briga pra quem ia acender, e as garotinhas acham o máximo. O gato corre desesperado sem saber o que está acontecendo. BOOM. Gargalhadas de deixar sem ar.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Bom dia pra se ter alegria.

Quem sabe um dia eu acorde com vontade de levantar da cama. Provavelmente, nesse dia, o céu estará azul, muito azul, mas o calor do sol será gentil. Crianças, bonitas e de cabelos e peles sedosos, correrão felizes pelas ruas. Os vizinhos cumprimentarão uns aos outros e as calçadas estarão limpas e o ar puro e levemente húmido arrancará comedidas lágrimas daqueles um pouco mais atentos.
Nesse dia, então, serei feliz; estou certo de que serei feliz: cagarei nas escadas da catedral e ainda vejo se me enforco na prefeitura.